30 anos de protagonismo na missão de paz em Angola
Brasília (DF) – 2 de junho de 2025 – Há três décadas, o Brasil embarcava em uma das missões de paz mais desafiadoras de sua história: o desdobramento das tropas na Terceira Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola (UNAVEM III). Em meio a um cenário de profunda instabilidade e cicatrizes de uma guerra civil que se estendia por décadas, a bravura e a resiliência do soldado brasileiro foram submetidas a duras provas.
Angola, em 1995, era um país devastado pela guerra, com uma infraestrutura rudimentar, vastas áreas minadas e uma população profundamente exaurida pelos conflitos. Nesse ambiente adverso, os militares brasileiros, com sua notável capacidade de adaptação e espírito aguerrido, assumiram a missão de contribuir para a pacificação e a reconstrução. Não se limitaram às atividades de patrulhamento: protegeram comboios humanitários, neutralizaram artefatos explosivos em áreas críticas e estabeleceram vínculos de confiança com a população local, que os enxergava como símbolo de esperança por um futuro mais seguro.
A UNAVEM III (United Nations Angola Verification Mission III) foi estabelecida em fevereiro de 1995, com o objetivo de supervisionar a implementação dos Acordos de Lusaka entre o governo angolano e a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola). A missão tinha como metas garantir o cessar-fogo, apoiar a reintegração das forças beligerantes e fomentar a transição democrática do país.
O Brasil teve papel de destaque, sendo o maior contribuinte de tropas da missão. O contingente nacional contou com aproximadamente 800 militares de um Batalhão de Infantaria, 200 de uma Companhia de Engenharia e 40 profissionais de saúde em dois Postos de Saúde Avançados. Além disso, integraram a missão cerca de 40 oficiais do Estado-Maior, 14 observadores militares e 11 policiais brasileiros, formando um esforço multidisciplinar essencial para o sucesso da operação.
Entre as experiências mais marcantes da participação nacional, destaca-se o relato do General de Brigada Marco Antônio Estevão Machado, então comandante da 2ª Companhia de Fuzileiros do 2º Contingente do BRABAT. A Companhia foi desdobrada nas cidades de Luena e Lumege, enfrentando isolamento logístico e estradas inóspitas. Em um dos episódios mais emblemáticos da missão, uma patrulha desapareceu por três dias após atolar na savana, o que exigiu uma complexa operação de resgate envolvendo tropas terrestres, helicópteros e veículos blindados Urutu. Em outro momento decisivo, a Companhia assumiu, com recursos próprios, a construção de uma Área de Aquartelamento (QA) para 5 mil ex-combatentes da UNITA, concluída em apenas dez dias — feito que foi reconhecido pela própria ONU como exemplo de profissionalismo e eficiência.
O êxito da UNAVEM III, que culminou na formalização de um acordo de paz duradouro e na realização de pleitos democráticos em Angola, permanece como um marco da contribuição brasileira às operações de paz internacionais. Os soldados brasileiros, além de cumprirem com dedicação suas funções operacionais, deixaram um legado de esperança, solidariedade e cooperação.
Três décadas após essa importante missão, o Exército Brasileiro homenageia os militares que atuaram em solo angolano. Seu desempenho reforça o papel do Brasil como ator relevante na promoção da estabilidade internacional e evidencia que nossos soldados são, acima de tudo, verdadeiros EMBAIXADORES DA PAZ.
Comprometimento, coragem e cooperação marcaram a participação brasileira em uma das mais desafiadoras operações de paz das Nações Unidas.